Sempre a vejo lá, linda. Debruçada sobre aquela janela verde, procurando com seus olhos rápidos e inquietos qualquer indício de possibilidade. Vasculha a rua toda, desvenda cada corpo que por ela ousa passar. Eu a vejo lá, linda, e visto daqui o lá se torna tão longe e o verde chega a ser ralo devido a distancia. Mas é verde. Um verde bonito e um tanto sujo pelos braços da moça triste. Há dias em que sua tristeza inunda a rua e eu quase choro. Parece minha aquela solidão. Uma solidão tão singela e singular que se veste de uma beleza desigual. A moça linda e triste é completamente desigual. Quisera eu que aqueles olhos me despissem e me revelassem. Quisera eu me aproximar daquela janela verde que de perto deve ser tão mais verde e tão mais janela. E ela permanece lá, fingindo ser transparente a qualquer coisa, a qualquer custo. Fingindo não saber que o seu olhar entorpece todos que por ali passam e que o seu cheiro acompanha todos os corpos e penetra a memória como algo impossível de esquecer. Totalmente inesquecível.
Enquanto ela passa a vida fingindo que não provoca reação alguma nas pessoas que a cercam e que a janela verde não faz com que os seus olhos melados sejam tão mais mel e tão mais doce e que não faz nada para encantar e enfeitiçar a alma dos que a procuram por toda a parte. Passa a tarde fingindo que eu não sou inteiramente sua. Passa a tarde inteira me olhando sem me ver. Passa a vida fingindo não se importar com os deslizes e acasos decorrentes. E eu passo a vida toda por ela, porque uma única vez ela passou por mim. E foi intenso. Tão intenso que ela não soube voltar pra casa e eu, egoísta que sou não mostrei o caminho de volta. Tudo para mantê-la aqui, quente como uma canção que nos remete a momentos bons. Ela é o meu momento bom, a janela verde que fica tão mais verde e mais janela quando me aproximo, seus olhos tão lindos e melados e invasores. Posso ver os beijos flutuando sem alcançá-la, milhões deles vindos de todas as partes. Eu fecho os olhos como se assim ela pudesse ser somente minha e intocável. Mas daqui ela parece estar tão longe e o verde parece ser tão ralo...
Por vezes eu gritei para acordá-la desse transe da solidão, mas ela não ouve, ela finge não me ouvir. E assim se seguem os dias...
Passo as minhas tardes procurando um modo de torná-la minha, querendo-a como jamais quis alguém, enquanto ela segue fingindo não merecer uma gota sequer desse amor. Há coisas que a gente não pode controlar e, eu estou descobrindo isso de uma maneira tão doce...
Caramba, gostei muito...Confesso que teve um momento nesse texto que me lembrou uma coisa pela qual já passei e pela qual já desejei sentir também.Muito bom mesmo
ResponderExcluirOh que lindo *_*
ResponderExcluirPoucos são os textos que me transportam a um outro mundo e me fazem imaginar a cena, as cores... os cheiros. E você conseguiu tudo isso!
ResponderExcluirParabéns Daaaaniiii! =]
Virei te visitar sempre no blog!
Mil beijos dessa magricela que te adora! s2
Ouuuuuuuuuun que liindo minha escritora (L'*o*
ResponderExcluirSou louca por pensamentos! mas os da Dani são maravilhosos!!!!!!
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